sábado, 12 de junho de 2010

Carta do líder Carlos Pankararu

Infelizmente um grupo de índios aceitou acordo com a Funai. A Funai, como sempre, mentindo que vai abrir Postos e Administrações no Maranhão e Pernambuco, histórias que já conhecemos desde o início do ano, porém nada cumpriu. Esses que foram para os hotéis da Funai não foram enganados, porque esta cena aconteceu em janeiro e em outras épocas também. Onde sempre pediram para os índios voltarem para suas aldeias e abrir postos e administrações, porém nunca realizaram-se, porque o Decreto agora é a nível da Presidência da República e não do presidente da Funai, nem do Ministério da Justiça. Sabemos que eles não vão abrir Postos nem Administrações de forma passiva porque o interesse do governo é com o PAC e todos nós sabemos que o Decreto 7.056 é a porta aberta para o desenvolvimento do PAC em terras indígenas. Se, por um acaso, eles abrirem Pernambuco e Maranhão eles são obrigados a abrir todos os Postos e Administrações do Brasil, porque os direitos são iguais e eles sabem disso. Existem vários projetos governamentais tramitando no Congresso Nacional para serem concluídos em terras indígenas. Vamos citar alguns deles: hidrelétricas, mineração, rodovias, sequestro de carbono, isto sem consultar as comunidades indígenas, assim como fizeram para aprovar o Decreto 7.056. Por este motivo, eu, Carlos Pankararu, junto com alguns guerreiros como Kretan Kaingang, cacique Valdir Kaingang, cacique Valdete Krahô, Korubo, Lúcia Munduruku, Adriano Karipuna e mais alguns, ingressamos nessa luta desde janeiro, na esperança de uma nova política indígena onde nossos direitos fossem prevalecidos e fazessemos que esses governantes nos respeitassem de forma como manda a Constituição Brasileira e as leis internacionais. Não somos contra o progresso, mas somos contra a forma que querem fazer as negociações injustas, quase comparada à um assalto a mão armada.
Eu e o grupo que ficamos na resistência estamos tristes e chateados com a covarde atitude dos nossos parentes, porque não era esse o nosso plano. O nosso plano é revogar o Decreto ou no mínimo, negociar pontos que prejudicam a população indígena brasileira. E também exonerar o presidente da Funai por estar violando os nossos direitos. O assessor do Presidente da República, Paulo, ex-funcionário do CIMI, se retirou logo após a miha chegada, basicamente 11 horas da manhã de sábado. Eu pedi para que ele conversasse comigo, mas ele saiu andando com medo por ser um covarde e dizendo em alta voz que eu estava usando o povo. Dizendo que eu morava em Brasília, respondi que moro em Brasília ou em qualquer lugar do Brasil. O livre arbítrio do ser humano também está na Constituição Brasileira e na Bíblia Sagrada. Eu estou aqui lutando pela minha mãe, meus irmãos, meus tios, meus primos, por todos Pankararu e índios do Brasil e pelos meus direitos, pois sou um Pankararu, não fiz transfusão de sangue nem deixei de ser Pankararu apenas por estar em Brasília, posso voltar à aldeia quando quiser, por isso fico aqui e lá. Tenho certeza de que o Paulo também não é filho de Brasília, como o Lula, que não é de Brasília nem paulista, é de Pernambuco, e quem fala alguma coisa por ele ser pernambucano? Gostaria que ele me provasse quanto ele ou o Presidente Lula ou o ministro da Justiça já me pagou para que eu formasse esse movimento. O Aluizio, diretor da Assistência também estava com o Paulo negociando a desmobilização, mas não me preocupo, as denúncias estão em todas as áreas da Justiça. Além das OABs dos estados do Paraná, de Tocantins e outros estados. O Acampamento Revolucionário entrou com ação na OAB nacional. Além do mais, temos 5 projetos de revogação por 5 deputados federais. Temos também ações no Senado Federal, estou acreditando na mudança mesmo com esta situação. Porque muitos índios estão chegando nessa semana do Nordeste, do Sul e do Centro-Oeste. Não falo o nome das etnias, para evitar ação dos manipuladores. O Acampamento vai continuar porque não está lutando apenas por Pernambuco ou Maranhão, mas sim por todos os índios do Brasil. Estou aguardando o líder Arão da Providência Guajajara e Kretan Kaingang para decidirmos como vamos agir de agora em diante. São essas as minhas palavras! E viva a Resistência Indígena! E que Tupã o abençoe todos.

7 comentários:

Anônimo disse...

Carlos pankararu, tú é mesmo reistente, fundador do ARI, valente, guerreiro e lutador e melhor ainda ninguem te engana com conversa fiada porque tu entendes como funciona a burocracia do serviço público e a malandragem dos dirigentes. Más cá pra nós, Carlos os guajajara fizeram a diferença ai no ARI, e se proceder a promessa de retornar São Luis Mranhão, meu é muito bom pra nós e sempre vou tirar o chapéu pra esses guerreiros responsáveis por ees vitória más reconheço que você é e sempre será o responsável por todas as conquintas do ARI.

13 de junho de 2010 às 11:31
Anônimo disse...

O problema é que não se pode abrir apenas uma administração regional sem abrir todas. E se abrir todas é a revogação do Decreto 7.056/09. Por isso, os indígenas do Acampamento consideram essa negociação uma armadilha, já que em NENHUM momento o Ministro da Justiça falou que iria revogar o Decreto ou exonerar o Márcio Meira, simplesmente, o Ministério argumenta que para começar o diálogo todos os indígenas devem sair do Acampamento. Ou seja, o governo NÃO dá garantia de absolutamente nada e ainda exige que o Acampamento se desfaça? Que tipo de negociação é essa?
A Resistência continua!

13 de junho de 2010 às 18:16
IR-AFRICA disse...

A atual política governamental executada por meio das ações do Ministério da Justiça, nada mais é do que uma política autoritária, dissimulada em democracia. As práticas do Ministério da Justiça, tendo à frente o Sr. Luiz Paulo Teles, um servidor público de carreira, representa a total desconsideração das demandas de ordem popular. Negociar com lideranças de um movimento que não tem lideres é apenas um subterfúgio para validar a omissão, a negligência, o descaso e notório erro da política indigenista no Brasil. Ainda não se deram conta de que a política indigenista so serve aos não índios? Nos sabemos disso, quem não quer saber? Ou melhor, será que o Ministério da Justiça acredita que executa ações realmente justas? A livre ação é um direito fundamental. Direitos não se conciliam. A exigência do Ministro da Justiça para receber e dialogar com vocês, indígenas, só demonstra o despreparo do Estado em lidar com as relações sociais de poder. O que pretendem é apenas reduzi-los a nada, e dessa forma, não precisam reconhecer os erros, bastaria, sim, admitir que vocês se renderam" o Que certamente não ocorrerá. Aliás, aproveitem o momento e façam novas exigências, mais amplas, mais justas, mais adequadas a vida indígena com AUTONOMIA"

13 de junho de 2010 às 21:19
Anônimo disse...

Carlos, a resistencia aí em Brasilia serve como exemplo para todos os povos indigenas do brasil. Fiquei sabendo que o acampamento terra livre deste ano foi cancelado por conta do ARI, assim vemos a importancia deste movimento, que pode ser uma nova articulação dos povos indigenas, por nossos direitos e por uma unidade do movimento indigena, autonomo e classista. Acreditamos que deve ser convocado os indigenas que iriam para o Acampamento Terra Livre para compor o ARI e fazer aí uma grande assembleia dos povos indigenas do brasil.

O ARI já é vitorioso e muito mais vitorias estão por vir.

VIVA A RESISTENCIA DOS POVOS INDIGENAS!

14 de junho de 2010 às 09:45
Anônimo disse...

Não vai ter mesmo o Acampamento Terra Livre.
Nós índios estamo envergonhados desse movimento na esplanada...

14 de junho de 2010 às 16:39
Anônimo disse...

Carlos, porque vc não vai embora tb? Ah, esqueci, vc não mora na aldeia né?

15 de junho de 2010 às 07:18
Povos não-Lineares disse...

Talvez o Carlos Pankararu não "vai embora porque (..) não mora na aldeia" porque ele seja o último exemplar de uma espécie de guerreiro que, carrega com ele uma resposta fatal, e os demais não desejam saber. Pois preferem viver de promessas, ou de um futuro que jamais chegará. Todo apoio à resistência. Ás vezes é preciso se desaldear para ser mais.

15 de junho de 2010 às 10:55

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