História da GUERRA Indigenista do BRASIL Vol 1
História da GUERRA Indigenista do BRASIL.
510 anos da Falsa Doutrina de superioridade para legitimar o HOLOCAUSTO INDÍGENA DAS AMÉRICAS E A CONQUISTA IMPERIALISTA DOS TERRITÓRIOS DOS POVOS NATIVOS.
« As doutrinas de superioridade fundamentadas em diferenças raciais são "cientificamente falsas, moralmente condenáveis, socialmente injustas e perigosas... » CONVENÇÃO DA ONU CONTRA O RACISMO ETNO CULTURAL.
Brasil: 510 anos de guerra contra os índios
Adaptação do texto do Fábio de Oliveira Ribeiro 15/10/2008 17:13
A história do Brasil começa oficialmente em 22 de abril de 1500, quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral ancorou na baía de Cabrália tomando posse destas terras em nome da Coroa Portuguesa. Oficiosamente, entretanto, o primeiro a "descobrir" o Brasil foi o navegador Vicente Yanes Pizon no ano de 1499.
Em 1500 que começa oficialmente a história dos índios contada pelos portugueses.
O primeiro ato português constituiu-se, portanto, na primeira violência contra os povos que habitavam a terra. É claro que as nações indígenas não conheciam o conceito de posse legado aos portugueses pelos romanos, mas estavam há séculos ligados à terra de seus ancestrais. Niéde Guidon informa que a ocupação humana do Brasil data de 12.000 anos, a população densa no nordeste de 8.000 anos. Depois de tanto tempo de ocupação do solo, pode-se concluir que os índios tinham direito natural à posse da terra que habitavam.
Declaração de guerra.
Mas se os nativos desconheciam semelhantes sutilezas teóricas, os portugueses conheciam-nas muito bem. Logo, ao avistá-los poderiam concluir que aqueles homens tinham a posse da terra. Apesar disso desembarcaram sem pedir autorização e se assenhoraram do alheio. Como o ato de Cabral e seus marinheiros não encontra legitimação no direito natural pode ser equiparado a uma verdadeira declaração de guerra. No entanto, como a história foi contada pelos invasores segue-se que acreditamos que as coisas se deram de maneira muito diferente. Na verdade a história do Brasil é a um só tempo a história da guerra de conquista movida pelos portugueses contra o gentio da terra e da reação ou incapacidade de reação deste ao avanço do invasor ultramarino.
Na guerra vale tudo, principalmente a mentira.
E os portugueses souberam empregá-la desde o início. Na sua Carta, Caminha informa El Rey que os índios [... não lavram, nem criam...]. Niéde Guidon relata que a agricultura é praticada no Brasil a 4.000 anos, em todo território nacional a pelo menos 2.000 anos. Portanto, ao contrário do que escreveu o cronista os índios lavravam sim e há muito tempo. Através de inverdades como a registrada pela pena de Caminha os portugueses criaram a imagem do índio preguiçoso, indolente, desleixado, que ainda hoje combatemos.
Chegou a hora de desmascararmos sua versão ideológica mostrando o que realmente ocorreu.
PARECE HOJE...
Além da mentira, os portugueses recorreram sistematicamente ao uso da força.
Já em 24/02/1587 foi promulgada uma Lei tornando obrigatória a presença de missionários junto às [tropas] de descimentos. [Tropas], como? Se não estavam em guerra com os índios, porque os portugueses precisavam de [tropas]?
Os descimentos constituem um episódio importante da história desta guerra de conquista.
Consistiam no deslocamento dos povos indígenas do sertão para aldeamentos junto aos portugueses. Aqueles que resistissem ao convencimento pacífico acabavam sendo conduzidos (descidos) a força. Segundo a legislação da época, as [tropas] só poderiam usar a violência em caso de [guerra justa]. Beatriz Perrone-Moisés informa que a recusa à conversão ao catolicismo, a prática de hostilidades aos vassalos de El Rey e quebra dos pactos eram motivos suficientes para a declaração de uma [guerra justa].
PORTUGUESES A Duas faces. Uma pacífica outra terrível.
O descimento e a conversão ao catolicismo eram quase compulsórios. Os índios deviam abandonar suas terras e tradições ou estas em virtude de abandonar aquelas. Assim, sob o epíteto de convencimento pacífico esconde-se a verdadeira face dos atos praticados pelos invasores. E isto é sem dúvida alguma uma violência. Pacífica, mas sempre violência.
Destruição sistématica da identidade cultural dos povos indígenas
Tribos com línguas e culturas diferentes deveriam ficar em aldeamentos distintos. Como várias outras, esta norma nasceu morta. Desde o início os portugueses promoveram aldeamentos pluriétnicos, forçando tribos com diferentes línguas e culturas a conviverem num mesmo espaço territorial. O aldeamento pluriétnico foi uma das maneiras mais eficientes que os portugueses e depois os brasileiros empregaram para destruir a identidade cultural dos povos indígenas a fim de dominá-los mais facilmente.
A História esquecida do pecado original da economia.
A lenda teológica nos conta que o homem foi condenado a comer o pão com o suor de seu rosto. Mas a lenda econômica nos explica o motivo por que existem pessoas que escapam a esse mandamento divino. Aconteceu que uma elite foi acumulando riquezas, e a população vadia ficou finalmente sem ter outra coisa para vender além da própria pele. Temos aí o pecado original da economia.
A essa visão idílica, Marx contrapõe "o grande papel desempenhado na verdadeira história pela conquista, pela escravização, pela rapina e pelo assassinato, em suma, pela violência". Diz que "a expropriação do produtor rural, do camponês, que fica assim privado de suas terras, constitui a base de todo o processo" na Europa Ocidental. Mas a "marcha lenta do período infantil do capitalismo não se coadunava com as necessidades do novo mercado mundial criado pelas grandes descobertas dos fins do século XV".
Trabalho forçado para enriquecer os escravagistas brancos.
(... Vai trabalhar vagabundo !!! )
Continua o autor, na sua obra-prima: "As descobertas de ouro e de prata na América, o extermínio, a escravização das populações indígenas, forçadas a trabalhar no interior das minas, o início da conquista e pilhagem das Índias Orientais e a transformação da África num vasto campo de caçada comercial de negros são os acontecimentos que marcam os albores da era da produção capitalista".
As barbaridades e as implacáveis atrocidades.
Marx cita, então, um trecho de "Colonization and Christianist. A popular history of the treatment of the natives by the Europeans in all their colonies", escrita em 1838 por William Howitt, que se especializou no papel do cristianismo no período:
"As barbaridades e as implacáveis atrocidades praticadas pelas chamadas nações cristãs, em todas as regiões do mundo e contra todos os povos que elas conseguem submeter, não encontram paralelo em nenhum período da história universal, em nenhuma raça, por mais feroz, ignorante, cruel e cínica que se tenha revelado".
O tratamento que se dava aos nativos era mais terrível nas plantações destinadas à exportação, narra Marx, "como as das Índias Ocidentais, e nos países ricos e densamente povoados, entregues à matança e à pilhagem, como México e Índias Orientais. Todavia, mesmo nas colônias propriamente ditas, não se desmentia o espírito cristão da acumulação primitiva.
O sistema colonial dos virtuosos e puritanos cristãs.
Aqueles protestantes virtuosos e austeros, os puritanos da Nova Inglaterra, estabeleceram, em 1703, por deliberação de sua assembléia, prêmios de 40 libras esterlinas por cada escalpo de pele-vermelha ou por cada pele-vermelha feito prisioneiro; em 1720, um prêmio de 100 libras por cada escalpo; em 1744, depois de Massachusetts Bay ter declarado certa tribo em rebelião, os seguintes preços: 100 libras de nova cunhagem por escalpo masculino, de 12 anos ou mais, 105 libras por homem capturado e 50 libras por mulher ou criança capturada, e por escalpo de mulheres ou crianças, 50 libras!".
O sistema colonial fez prosperar o comércio, a navegação e a concentração do capital. "As riquezas apresadas fora da Europa pela pilhagem, escravização e massacre refluíam para a metrópole, onde se transformavam em capital", diz o fundador do materialismo histórico, lembrando que, se o dinheiro, segundo Marie Augier, "vem ao mundo com uma mancha natural de sangue numa de suas faces, o capital, ao surgir, escorrem-lhe sangue e sujeira por todos os poros, da cabeça aos pés".
Os conquistadores selvagens e as populações primitivas
Esse sangue e sujeira escorreram com as bênçãos das várias seitas que, com a arma numa mão e o Evangelho na outra, propagavam o reino de Deus na vida além-morte enquanto semeavam um inferno dantesco para os povos nativos das colônias. No caso das terras hoje brasileiras, os nativos foram considerados primitivos selvagens, endemoninhados, e também, como seres sem maldades, "bons selvagens".
Síntese da história da humanidade civilizada
Gregória de Matos Guerra.
OS GREGOS se julgavam civilizados e portanto superiores. Com sua suposta superioridade massacraram os vizinhos, entre esses Tróia.
Segundo a história e as lendas, o povo de Tróia, que conseguiu escapar [das patas do cavalo] ou da guerra, contribuíram para dar origem a ANTIGA ROMA, que posteriormente dominou a Antiga Grécia (ironia do destino a parte). A partir de então, Roma passou a ser [a nação civilizada e mais evoluída daquele momento], ou seja, massacrou e dominou quase todos os POVOS NATIVOS DO VELHO CONTINENTE, entre esses Os CELTAS. Os povos que não caíram sob o domínio romano foram denominados BÁRBAROS OU SELVAGENS. Mais uma vez guerras sangrentas em nome do progresso e da civilização. Contudo, um dia, o Grande Império ruiu.
Do esfacelado Império Romano, surgiram os diversos REINOS EUROPEUS, que partiram para a IDADE MODERNA, essa inaugurada com a TRAVESSIA DO ATLÂNTICO e a invasão do que é hoje as AMÉRICAS E OCEANIA. Denominaram AMÉRICA ou NOVO MUNDO as terras invadidas, como se esta parte do Globo terrestre tivesse sido inventado por eles (os europeus). Começaram a [construir], na verdade demolir o novo mundo massacrando e exterminado o povos nativos daqui. Mais uma vez, guerras, escravidão, massacres, deculturação e extermínios em nome da civilização e do progresso.
Todos os impérios que massacraram, pilharam e exterminaram outras pessoas e nações se autodenominaram civilizadas e cheias de cultura (superiores aos demais).
É, por isso, que entendemos que é necessária a História da Guerra Indigenista do Brasil. Não é "guerra indígena", pois não foram os índios que declararam guerra ao Império português e sim o contrário.
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