quinta-feira, 7 de outubro de 2010

AIR na Rádio Web Petroleira. Escute!


(Foto por Bruno Costa)

Carlos Pankararu e Lúcia Munduruku no Sem Teto em Revista, a Voz das Minorias

- Sob o lema “Ocupar, Resistir, Produzir”, o insubmisso programa da Rádio Web Petroleira abre espaço para lideranças do Movimento Indígena Revolucionário -


http://www.radiopetroleira.org.br/w3/index.php?view=article&id=1198%3Aprograma-sem-teto-em-revista-do-dia-7-de-outubro-de-2010-acampamento-de-resistencia-indigena&option=com_content&Itemid=61

Ontem, dia 07 de outubro de 2010, as lideranças Carlos Pankararu e Lúcia Munduruku, fundadores do Acampamento Indígena Revolucionário (AIR) e apoiadores da ocupação indígena do Antigo Museu do Índio, no Maracanã, RJ, gravaram entrevista na Rádio Web Petroleira, do SINDPETRO-RJ, Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo do Estado do Rio de Janeiro, para o Programa Sem Teto em Revista, a Voz das Minorias, com o locutor Nato Kandall e a presença do doutor André de Paula, da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), e do professor José Roberto, do Fórum de Educadores, com apoio técnico de Jaime de Freitas.

No programa, que trazia o mote “se morar é um Direito, ocupar é um dever”, foi lembrado por André de Paula - e comentado pelo grupo - o banditismo do Governo Federal, enviando agentes armados contra manifestantes indígenas e seus familiares e cometendo violências contra crianças, gestantes e idosos (quando não são aceitos os seus portadores engravatados e sorridentes que, por meio de um eufemismo batizado pela atual gestão da Funai como “reposição de gastos”, oferecem - em cifrões - o Céu e a Terra para que os indígenas abandonem o protesto diante do Congresso).

Carlos Pankararu lembrou do início da criação do Movimento Indígena Revolucionário, a partir da ocupação da sede da Funai, em janeiro do ano corrente; falou da publicação do Decreto Criminoso 7056/09, fechando Postos e Administrações da Funai e retirando direitos garantidos pela Constituição de 1988, sobre a falta de representatividade real dos indígenas no CNPI (Conselho Nacional de Política Indigenista), dirigido pelo atual presidente da Fundação Nacional do Índio e aparelhado pelas ONGs (entre essas, algumas das que realizaram desvios volumosos de recursos da Saúde Indígena); a liderança comentou ainda rapidamente sobre os ataques policiais contra o Acampamento Indígena Revolucionário, sobre a portaria do Ministro da Justiça, Paulo Barreto, autorizando à Força Nacional a atirar em indígenas – além discorrer brevemente sobre empreendimentos do PAC realizados sem consulta aos Povos Originários e as inúmeras das violações aos Direitos Indígenas cometidos pelo Governo Luís Inácio Lula da Silva.

Sobre o PAC (Programa de Aceleração Criminosa do Crescimento), atual bandeira do Partido dos Trabalhadores, o representante da Frente Internacionalista dos Sem Teto denunciou a política de criminalização da pobreza e extermínio levada a cabo hoje no Rio de Janeiro para abrir caminho para o chamado PAC da Copa e para as Olimpíadas de 2016.

Lúcia Munduruku, liderança da etnia oriunda do Rio Tapajós (AM), lembrou do início do AIR e das violações contra os Direitos Humanos, em especial contra mulheres e crianças indígenas perpetradas pelo Governo Federal, denunciou “as cobras” do Ministério da Justiça e discorreu sobre a decisão soberana do Movimento Indígena Revolucionário de levantar acampamento e adotar novas formas de luta. A brava liderança de Tronco Tupi terminou a entrevista afirmando que Luís Inácio Lula da Silva foi o PIOR presidente para os Povos Indígenas Brasileiros da História Republicana (“esperava o apoio dele, que se revelou um mero exterminador de índio”).

Coincidentemente, hoje, dia 08 de outubro de 2010, as manchetes dos jornais mostram o presidente Luis Inácio Lula da Silva declarando no Rio de Janeiro que “a polícia só bate em quem tem que bater”, dando assim o seu aval às operações policiais brutais e sem mandado judicial ou qualquer tipo de amparo legal contra manifestantes indígenas, às prisões ilegais e espancamentos contra indígenas e apoiadores; das mães e pais de família, crianças, gestantes e idosos indígenas covardemente agredidos com gás pimenta, choques elétricos e cassetetes (e, em especial, contra as crianças de 2 e 4 anos agredidas com gás que precisaram ser hospitalizadas e às gestantes indígenas que abortaram em plena Esplanada dos Ministérios, a menos de 50 metros do Ministério da Justiça e próximas aos Ministérios da Saúde e da Secretaria Igualdade Racial); ao espancamento e à tortura de militante indígena na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal no dia 10 de julho de 2010, onde o mesmo teve a sua condição indígena negada pela Fundação Nacional do Índio, que assessorou a Polícia Civil nas violências cometidas; ao FURTO, efetuado por policiais mediante uso de violência desproporcional, de panelas, alimentos, cobertores, redes, barracas, roupas, remédios, documentos, artesanato e dinheiro de famílias indígenas, como forma de pressão política do Governo Federal (e ao bloqueio policial impedindo entrada de cobertores, remédios e alimentos às famílias indígenas ao relento sob o mais rigoroso inverno do Planalto Central, como forma de persuasão estatal); ao FURTO, efetuado por policiais mediante uso de violência desproporcional, de provas judiciais produzidas pelo Acampamento Indígena Revolucionário (AIR) contra o Estado Brasileiro; à intimidação covarde e à coação promovida pelo Choque Montado (Cavalaria), ROTAM, BOPE, Polícia Civil (delegado Rosseto – 5ª DP do DF), Polícia Militar, Polícia Rodoviária, AGEFIS, entre outras forças, orquestrada pela Superintendência da Polícia Federal (doutor Marcelo Galli) a mando da Funai, Ministério da Justiça e Casa Civil (Gabinete da Presidência da República) contra pais de família indígenas e suas esposas, filhos e netos, ao assassinato de árvores frondosas para impedir que manifestantes estiquem redes e faixas de protestos diante do Ministério da Justiça; à presença de cães, helicópteros e atiradores de elite para intimidar famílias indígenas indefesas; ao bloqueio policial da Esplanada dos Ministérios - do perímetro da L2 à L4, no dia 10 de julho de 2010, do amanhecer até após o meio-dia - negando o direito de ir e vir aos cidadãos, trabalhadores e turistas e impedindo a presença de câmeras e testemunhas no perímetro registrando a violência policial defronte ao Congresso; à prisão ilegal dos apoiadores que portavam câmeras dentro do "perímetro de segurança" estabelecido pelas forças de repressão e o FURTO subseqüente das fitas, cartões de memória e documentos pessoais na operação policial supracitada; à coação violenta, intimidação e humilhação promovida pela Força Nacional contra militantes indígenas na porta da Funai, às AMEAÇAS À VIDA E À LIBERDADE perpetradas contra membros do AIR e seus familiares, às agressões sofridas por membros do Acampamento Indígena Revolucionário e da perseguição estatal e para-estatal e do monitoramento ilegal de telefonemas e e-mails realizados contra o Movimento Indígena Revolucionário e ao assédio moral e psicológico contra seus militantes e familiares.

Sob o lema “Ocupar, Resistir, Produzir”, o programa homenageou a resistência pacífica do AIR e pediu uma salva de palmas ao líder Carlos Pankararu, que enfrentou, apoiado por centenas de lideranças indígenas e seus familiares, cinco mega-operações policiais extra-judiciais tendo tão-somente a Constituição Federal como arma. O locutor Nato Kandall declarou que “enquanto não houver um indígena no Ministério do Meio Ambiente esse não será um país sério” – lembrando ainda que a Rádio Web Petroleira faz um contraponto à mídia hegemônica, divulgando fatos e eventos silenciados pela grande mídia corporativa e dando voz às minorias.

O programa, que iniciou lembrando o massacre dos operários em greve, na cidade de Ipatinga (MG), em 1963, o massacre dos militantes no Araguaia (TO), em 1974, e da morte de Ernesto Che Guevara, no dia 08 de outubro de 1967 em selvas bolivianas, finalizou com Carlos Pankararu, liderança indígena e poeta do sertão, cantando ao violão a sua canção “Mãe-Natureza”.

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