- CINE INDÍGENA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA CULTURAL -
- Estréia mundial de documentário co-produzido por indígenas da etnia Kamayurá inaugura a Sala de Cinema da Ocupação Indígena do Antigo Museu do Índio, no Maracanã, RJ -
O Cine Indígena da Ocupação Indígena do Antigo Museu do Índio do RJ será inaugurado nesse sábado, dia 20 de novembro, às 18 horas, com a pré-estréia do documentário “Takwara” (Mini-Dv; 57 min), co-produzido pelo Centro de Etnoconhecimento Sócioambiental e Cultural Cauieré (CESAC) e pela Aldeia Kamayurá de Ipawu (Alto-Xingu), considerado pelo professor Auakamu Kamayurá, assessor do Memorial dos Povos Indígenas (Brasília), como “o melhor filme já produzido sobre o meu Povo”.
O documentário, dirigido por Murilo Marques Filho, com produção realizada por indígenas do Alto-Xingu e pós-produção a cargo dos apoiadores Karaiw ("brancos"), registra a preparação e a realização da cerimônia conhecida como “Takwara”, traduzida pelos Kamayurá como “Festa da Alegria”, representativa desse Povo, originalmente nômade, que sabe valorar tudo o que é transitório e vital – com as suas casas erguidas em madeira e palha, que não chegam a durar mais de uma década, em contraponto às civilizações gregárias, judaico-cristãs ou não, sempre procurando eternizar-se na tentação de pedra, do concreto e do mármore.
No filme, totalmente realizado sem recursos governamentais ou de embaixadas estrangeiras - nem o apoio de ONG$ - e registrado antes da publicação do Decreto 7056, “privatizando” a Funai em fins de 2009, e antes mesmo da posse de Márcio Meira, fundador da República do Açaí, o Cacique Kotok Kamayurá, da Aldeia Kamayurá de Ipawu, liderança da etnia que já foi conhecida como Ywyraparijat (“Grandes Guerreiros do Arco”), por conta da destreza no uso de seus longos e resistentes arcos de madeira negra (madeira de lei), apoiado pelo Cacique Aritana Yawalapiti, da Aldeia Yawalapiti do Tuatuari, denuncia o chamado “Cinturão da Morte” (“Omanomaé Kwahap”), formado pela soja e o gado, asfixiando o Parque Indígena do Xingu (PIX).
A autonomia e a insubordinação política do Povo Kamayurá (Apy’ap), bem como o seu espírito generoso e aberto (Tronco Tupi), são expressas na ironia do Morerekwat (Cacique) Kotok quando, no filme, trata de sua relação com o Estado Brasileiro e a sociedade envolvente: “A gente não limpa a bunda com o dinheiro, a gente só precisa de peixe com beiju - quem limpa a bunda com o dinheiro é o governo de vocês”.
Não será cobrado ingresso para exibição, mas sugere-se que tragam um quilo de alimento não-perecível para os ocupantes do Antigo Museu do Índio (RJ), Defensores de Direitos Étnicos-Culturais e Direitos Humanos, Guardiões do Patrimônio Indígena.
Os produtores do filme, apoiados pelo Movimento Indígena Revolucionário, e lembrando a situação de abandono das etnias do interior do Parque Indígena do Xingu, sugerem ainda, como opção, depósito voluntário de qualquer quantia (agência 1385/Op 013/conta poupança 49793-1/Caixa Econômica: Rosimar Paulina da Silva)para pagamento da Central de Rádio de Nova Floresta (MT), que vence terça-feira, dia 23/11, fundamental para EMERGÊNCIAS DE SAÚDE e comunicação com o "mundo exterior", sendo único meio de contato da Aldeia Kamayurá de Ipawu, no centro-sul do Parque Indígena do Xingu com a CASAI-Canarana e a FUNAI-Canarana, entre outras representações do Estado Brasileiro - tendo a Funai, que na última semana torrou 17 mil em diárias de hotel em Fortaleza (CE) para convidados especiais, se negado a pagar pelo serviço essencial, hoje custeado exclusivamente por indígenas, em mais uma flagrante violação da lei 6001 e aos Direitos Humanos pela atual gestão da Fundação Nacional do Índio.
O Cine Indígena faz parte da Política Cultural do Movimento Indígena Revolucionário, somada ao esforço pedagógico do Instituto Tamoio dos Povos Originários para “civilizar o civilizado” por meio de eventos interétnicos de Contação de Histórias, cursos de Língua e Cultura de Tronco Tupi-Guarani, Fogueiras, Oficinas, Oca de Cura e recebimento de caravanas escolares – tentando, com a força e a inteligência do Maracá, esclarecer o “homem branco” sobre a importância da defesa das mais de 240 Culturas Originárias Brasileiras e da preservação do imóvel, na Rua Mata Machado, 126, como Patrimônio Indígena gerido por indígenas, sendo utilizado hoje como Centro de Apoio à Indígenas em Trânsito e Pólo de Difusão Cultural Ameríndia no RJ, com vistas à instalação da primeira Universidade Autenticamente Indígena do país.
A partir do dia 20 de novembro, às 18 horas, serão exibidos pontualmente na Ocupação Indígena do Antigo Museu do Índio do Rio de Janeiro (Rua Mata Machado, 126, Maracanã, ENTRADA AGORA PELA RADIAL OESTE), como Política de Resistência Cultural Indígena, filmes realizados por cineastas indígenas ou produzidos sobre a questão indígena com assessoria intelectual relevante de representantes dos Povos Originários.
O Movimento Indígena Revolucionário está realizado uma enquête para batizar o Cine Indígena (ver quadro ao lado), instalado na Ocupação Indígena do Antigo Museu do Índio do RJ, como forma de Resistência Cultural em Defesa do Reconhecimento do Antigo Museu do Índio, como Patrimônio dos Povos Originários Brasileiros e Contra o Racismo Institucional, o Decreto 7056/09 e a Privatização das Forças de Estado Pelas Empreiteiras e Demais Grupos de Interesse.
A decisão sobre o nome da sala de exibição ficará a cargo dos eleitores, que definirão até o meio-dia do dia 19 de novembro, sexta-feira, a denominação em que será batizada - escolhendo entre as seis opções ao lado, listadas por sugestão de indígenas e apoiadores.
Músicos indígenas da Aldeia de Ipawu (Alto-Xingu), com suas flautas de bambu; a Takwara, exercício ludico de Resistência Cultural Kamayurá, celebrando a Vida e a Alegria de Viver (foto Júlia Barreto)
Takwara (mini-Dv, 58 min); 2006/2010
Produção:
Novas Direções Empreendimentos Culturais
Aldeia Kamayurá de Ipawu
Uma co-produção:
Plano Paralelo
IPEAX
Murilo Marques Filho
Direção e Produção
Murilo Marques Filho
“Pariat” (Mensageiro):
Pajé Sapaim Kamayurá
Assistentes de Direção:
Julia Barreto
Álvaro Autá Kamayurá
Câmera:
Julia Barreto
Álvaro Autá Kamayurá
Murilo Marques Filho
Som:
Murilo Marques Filho
Mônica Bello
Edição
Rodrigo Daudt
Felipe Nahon
Murilo Marques Filho
Decupagem:
Murilo Marques Filho
Luiz Carlos Bonnela
Renata Machado
Thaís Vasconcelos
Filipe Tomassini
Legendas:
Rodrigo Daudt
Felipe Nahon
Letreiros:
Rodrigo Daudt
Produção Rio:
Luiz Carlos Saldanha
Marcos Miranda
Marilu Saldanha
Julia Barreto
Sérgio Péo
Assistente de Produção (Rio)
Mônica Bello
Bocarra
Produção Canarana:
IPEAX
Centro Cultural do Xingu
Julia Barreto
Murilo Marques Filho
Produção Xingu:
Aldeia Kamayurá de Ipawu
Álvaro Autá Kamayurá
Pós-Produção:
Novas Direções Empreendimentos Culturais
Assessoria:
Murilo Marques, in memorian
Álvaro Autá Kamayurá
Sérgio Vahia de Abreu
Jaqueline França
Assessoria Linguística:
Kaio Vitor Carvalho
Depoimento em áudio (“Tata”):
Cacique Aritana Yawalapiti
Imagens Aéreas:
Greenpeace Brasil
Fotos 1º Contato:
Major Thomaz Reis
Apoio:
Aldeia Kamayurá de Ipawu
Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng (AIMCI)
Aldeia Kamayurá do Morená
Aldeia Yawalapiti do Tuatuari
Isabel Maria Vieira
Helena Maria de Souza Pereira
Maria José Marques de Carvalho
Maria Teresa Gomes Castelo Branco
Marcelo Tostes
Marcos Miranda
Setor de Imagem em Movimento - Departamento de Arquivo e Documentação, Casa Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz
Museu do Índio
Centro Cultural do Xingu
CESAC (Centro de Etno Conhecimento Sócio Ambiental e Cultural Caueiré)
Estúdio 126
Pousada Suyá (Arraial do Cabo, RJ)
Luiz Bonella, in memoriam
Maria Inê Delgado
Ianakulá Kamayurá
Governador Kokoti Aweti (Posto Leonardo Villas-Bôas)
Waleska Jacob e Paulo Nobre da Silva
Stella Oswaldo Cruz Penido (agradecimentos)
Alexandra Carias (agradecimentos)
Pedro Moreira
Jean Marc Franc
Makaw Kamayurá
Tukanap Kamayurá
Jawatpiti Kamayurá
Jornal O Pioneiro (Canarana)
Agradecimentos: Luiz Nelson e Gabi; Aldeia Kamayurá de Ipavu, Cacique Kotok Kamayurá e família; Takumã Kamayurá, Kokar Kamayurá, Tukanap Kamayurá, Maiaru Kamayurá, Pajé Sapaim Kamayurá e família; Cacique Aritana Yawalapiti; Amawri, Anapikwalu e família; Aldeia Yawalapiti do Tuatuari, Kumaré Ikpeng, Karané Ikpeng, Álvaro Autá Kamayurá, Ianakulá Rodarte, Iano (IPEAX), Sapain Neto (IPEAX), Robson (IPEAX), Tapir Yawalpiti (IPEAX), Inu Kuikuro, Sérgio Vahia de Abreu, Marcos Miranda, Jaqueline França, Washington Novaes, Pedro Moreira, Marcia Fixel, Wolf Gauer, equipe do IPEAX, equipe do Centro Cultural do Xingu, equipe e funcionários do Posto Leonardo Villas-Bôas, Maria Inê Delgado, Mambi, Pajé Arirí Yawalapiti, Awiri Napu Yawalapiti, Kurikaré Kalapalo, Arautará Kamayurá, Marlo Gianotti, Lília Fellipe, Alba Ávila Pereira, Itérbio Galiano, Carmem Hanning, Jurandir de Oliveira, Jussara Queiroz, Renata Machado, Marcia Fixel, Thaís Vasconcelos, “Bambu” Kamayurá, Tabajara, Karina K., Luiz Fernando, Fernando Silva, Thiago, Mário Soares, Masao Tanaka, CESAC, Arão da Providência, Urutau Guajajara, Franklin Guajajara, Lola, Carlos Pankararu, Lúcia Munduruku, Korubo, Fabiana Campos, Eupídio Ferreira (Iwatako), Diana Iliescu, Jean Marc Franc, João Batista de Andrade (in Memorian), Fabiana Campos, José Marques da Silva, Nelson Malafaia, Luiz Carlos Ananias, Nelson Neraiel, Beth Formaginni, Inti Annie, Joana Coimbra, Joel D. Santos, Francisco Rocha, Lala & Família Sol, Gustavo Barreto, Lila Rosa, Camilo Tavares, Tatau Alves e a todos que me receberam no Xingu e no Mato Grosso e que possibilitaram a realização desse filme.
2 comentários:
Que Maravilha!!! Fico feliz com a notícia!!! Parabéns Murilo e toda a resistência do AIR... daqui de Brasília envio minhas emanações positivas de paz e luz para que dê tudo certo ao final dessa batalha!!! Contem comigo... a todos vocês, abraços miraculosos! Mila.
19 de novembro de 2010 às 12:41Sobre a Enquete e a escolha do nome da Sala de Cinema da Ocupação Indígena do Maracanã.
21 de novembro de 2010 às 03:50Foram 6 opções para a escolha do novo nome da sala de cinema e suas respectivas votações:
a) Cine Tamoio dos Povos Originários 6 (20%)
B) Cine Indígena Mário Juruna 4 (13%)
C) Cine Tamoio de Resistência Indígena 9 (30%)
D) Cine Indígena Mané Garrincha Fulniô 4 (13%)
E) Cine Cauieré Imana de Resistência Indígena 2 (6%)
F) Cine Raoni de Resistência Cultural Indígena 5 (16%)
O Cine Tamoio de Resistência Indígena teve 9 votos, contabilizando 30% do total de votos válidos, em uma votação democrática e horizontal. Assim, pela Vontade da Maioria dos Participantes do Blog, Nomeia-se o Cine Club da Ocupação Indígena como Cine Tamoio de Resistência Indígena.
Todos estão convidados a comparecerem aos Sábados às 18:00hs na Ocupação Indígena do Maracanã, onde regularmente haverá a apresentação de filmes com temáticas indígenas.
Gratidão pela participação de todos,
equipe do blog AIR
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