terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Acampamento Indígena Revolucionário (AIR): a Guerra dos Tamoios Contemporânea, Parte II O Ethos Indígena


O AIR no dia primeiro de junho de 2010: a menarca de uma jovem índia fez com que o acampamento continuasse na Esplanada dos Ministérios (foto de Bruno Costa)
O Acampamento Indígena Revolucionário (AIR): a Guerra dos Tamoios Contemporânea, Parte II
O Ethos indígena
Por Marília Lima

Mais do que pensar como foram realizadas as manifestações do Acampamento Indígena Revolucionário (suas táticas políticas de confrontação e rebeldia), é importante refletir também como as manifestações eram expressões das culturas indígenas ali presentes: seu entrelaçamento com as práticas espirituais e a sua ligação com o Sagrado. A política dos indígenas acampados, nesse sentido, ultrapassava as fronteiras da mera luta por uma reivindicação imediata e era também uma forma de diálogo com os seus antepassados ou ancestrais.
Portanto, os indígenas revoltosos do AIR não eram apenas manifestantes, eram guerreiros empenhados em uma luta que transpunha a simples reivindicação da anulação do Decreto 7.056/09. Os valores que guiavam esses manifestantes, em vários momentos do AIR, eram próprios do guerreiro: como o de suportar frio, fome e todas as formas de intempéries. O possível enfrentamento com policiais era o “teste de ferro” desses acampados. A ameaça de enfrentamento estava, quase sempre, presente e parte dos indígenas se preparavam tanto espiritualmente como materialmente (confecção de bordunas, flechas e pinturas de guerra) para um embate que representava uma luta disputada, naquele momento, por quinhentos e dez anos (no imaginário político e espiritual desses revoltosos).
Assim, as manifestações não eram apenas políticas, eram também rituais sagrados de guerra. A manifestação, geralmente, se dava por meio da dança sagrada de torés, por cantos xamânicos na língua indígena (o belo canto dos Tenetehara - Guajajara). Ou mesmo por rezas evangélicas, em uma rica reelaboração cultural da ancestralidade indígena.
As manifestações, desse modo, portavam uma ligação com o Sagrado e com os rituais ancestrais indígenas. O ponto alto do AIR talvez seja um belo e emocionante exemplo dessa conexão intrínseca entre o político e o sagrado: uma adolescente Tenetehara – Guajajara menstruou pela primeira vez no acampamento, ou seja, teve a sua menarca. Esse fato, além da inegável importância para a família da moça, obteve uma repercussão inesperada. O AIR havia sido notificado, no dia primeiro de junho, que deveria se afastar a menos de um quilômetro de distância do Ministério da Justiça, em Brasília, o que foi caracterizado como uma “armadilha” para os manifestantes, ou seja, uma justificativa para desmontar o acampamento. Os indígenas alegavam que não poderiam sair, porque a indígena adolescente havia menstruado e, de acordo, com a tradição Tenetehara – Guajajara, ela deveria ficar uma semana enclausurada e este local tornava-se, naquele momento, sagrado. Nesse caso, a juíza federal que havia expedido um mandado para a remoção dos manifestantes compreendeu e respeitou a tradição indígena e revogou a liminar que autorizava a remoção das famílias indígenas da Esplanada dos Ministérios, onde o AIR estava acampado. Portanto, mais do que um ato político de protesto, a luta do AIR teve fortes características étnicas, além de fortalecer, em alguns momentos, as culturas indígenas ali presentes. Sabemos que o ritual é a preservação e a atualização da cosmovisão indígena e, que, o exemplo citado logo acima, representa a tradicional Festa da Menina Moça, realizada ancestralmente todos os anos dentro cultura dos Tenetehara - Guajajara.

8 comentários:

Anônimo disse...

A "armadilha" foi tramada pelo gabinete do Ministério da Justiça, em conluio com governo ilegítimo do DF, como o próprio negociador, delegado Marcelo Galli (PF), confessou em conversa registrada na Superintendência da Polícia Federal, ao "ofertar" as dependências do Estádio Mané Guarrincha para que os indígenas se acomodassem longe da Esplanada e deixassem o Lula fazer o seu teatro em paz, o que foi recusado, o policial sempre lembrando que estava em linha direta com o Ministro Barreto e o Governador Rosso.

O oficial de Justiça que trouxe a intimação no primeiro de junho, aliás, chegou ao AIR "procurando lideranças" 10 minutos antes do horário intimado a comparecer para essa mesma conversa com o senhor Galli na superintendência da PF (18 horas, hora de rush, nos fins da Asa Sul, distante da Esplanda, tendo que sair com antecedência), e, ao ser questionado, jogou a intimação no chão e saiu correndo - simulando estar sendo ameaçado - em uma papagaiada tosca que foi filmada. Sorte as lideranças e apoiadores não seguirem a lógica do relógio e desmascararem a trama toda (com backup em vídeo). Azar dos agentes públicos e autoridades.

O Estado Racista do Brasil, excludente e triunfante, extirpou as frondosas árvores da Esplanada, que há 50 anos faziam sombra aos trabalhadores diante do Ministério da Justiça (ministros e chefes de governo não abrem marmitas e quentinhas sob o Sol inclemente do Planalto) e davam repouso aos turistas para que indígenas nunca mais ousassem amarrar redes ou faixas de protesto, enquanto deixa o Cerrado arder, destrói a Vida nos Rios e manda ladrilhar a Amazônia. As unidades e coordenações extintas, postos fechados, servidores e lideranças perseguidas, quase 800 presos políticos étnicos nas delegacias e penitenciárias do país (dados do próprio governo), repressão policial aos movimentos autônomos, organizações indígenas neutralizadas pelos patrocinadores chapa-branca, leis abertamente anti-indígenas sendo propostas pelos governistas da câmera e do senado, nenhuma das 15 demandas das famílias indígenas do AIR sequer escutadas, estados e união rasgando abertamente a constituição e as convenções internacionais - e o debochado Gilberto Carvalho diz que "as portas do Planalto estão abertas aos movimentos sociais" (http://www.youtube.com/watch?v=yQGPQeJ9Uxs - Dilma, sorrindo, pensa que comida de índio é brioche, desconhece peixe com beiju e ainda não entendeu que só poderá sorrir enquanto a sua cabeça estiver de pé).

15 de setembro de 2011 às 03:19
Anônimo disse...

correçao: o oficial de justiça chegou ao acampamento revolucionário indígena 5 MINUTOS antes do horário marcado pelo dr. Galli - 18 horas, horario de rush na capital do país - na superintendência da Polícia Federal, do outro lado da cidade.

15 de setembro de 2011 às 09:14
Anônimo disse...

Os movimentos, as reivindicações devem sempre acontecer pois é um direito de toda classe social, os indígenas tem todo o dever de reclamar pelos seus direitos, pois só assim é reconhecido como cidadão legitimamente brasileiro, fraquejar jamais,pois essa luta não é de hoje ela vem desde do período colonial, só que os nossos governantes esqueceram uma coisa muito importante, os indígenas cresceram culturamente e sabem muito bem o que é bom para eles.

15 de setembro de 2011 às 10:42
Anônimo disse...

No ano em que foi consolidado o Decreto 7056, fechando os Postos e as Coordenações Regionais da Fundação Nacional do Índio (deixando etnias e comunidades à míngua, sem ter como reagir ao Terrorismo Regional e ao Terrorismo de Estado), consolidado o projeto de UHE Belo Monte e aberto caminho para outras centenas de Hidrelétricas Genocidas, que a fundação nacional do índio - minúsculas com meira no poder - mandou que a polícia federal entrar na Terra Indígena Canabrava com 43 mandados de prisão contra lideranças que organizaram protestos contra desvio dos recursos da educação indígena pelo clã Sarney, no ano em que quase 800 lideranças indígenas foram encarceradas e outras ameaçadas de morte por, muitas vezes, apenas discordar violentamente da agenda governamental, o governo dos EUA comprou entre 55% a 60% da produção da petrobrás. Compra consciente, como o próprio wikileaks atesta, o governo estadunidense sabendo piamente - e reforçando - a campanha aberta de Genocídio de Estado contra os Povos Indígenas do Brasil.

A República Federativa Genocida do Brasil, em sua servidão voluntária aos gigantes do capitalismo mundial (EUA, China, UE), já passou do estágio da "condicionalidade" há muito - já vendemos grande parte do patrimônio - e agora simula um crescimento ficctício que sustente a ideologia do desenvolvimento. Aqui abaixo, John Perkins historia o processo de dominação dos EUA sobre outros países no documentário "Vamos fazer dinheiro?" (http://www.youtube.com/watch?v=PQNKhlrxnsw&feature=related e também http://www.youtube.com/watch?v=W0MZczFdsWM&feature=related), abs

15 de setembro de 2011 às 11:16
Anônimo disse...

Aguia Branca diz...
Anônimo escreve o que viveu.

16 de setembro de 2011 às 06:05
Anônimo disse...

O Acampamento Indígena Revolucionário deve entender que ps índios querem o márcio meira na direção da funai.


Nunca mais houve nada contra o márcio meira no Brasil. É sinal de que a coisa tá indo bem para os povos indígenas.


Assinado: Índio

19 de setembro de 2011 às 05:33
Anônimo disse...

Quem disse que "índios" querem marcio meira na funai? Quais índios? De qual planeta você veio?

19 de setembro de 2011 às 08:43
Anônimo disse...

comentario 19/setembro/05:33, senhor indio sem nome, vc. as comunidades está se artigulando para lutar contra está politica do estado brasileiro oriunda de exigencia incostitucional criado pelo,decreto 7056/2009, nosas terras de tradição estao em ameaça pelo ministério da justiça, o ministro determinando minuta de alteração de terras indiginas al estado e região e municipio, vamos lutar contra istó amigo indio sem nome na sua aldeia esta tudo ti bom. antoey jocelio xukuru. vamos somar amigo.

20 de setembro de 2011 às 03:38

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